quarta-feira, 30 de abril de 2008

Nova espécie de insecto pode contribuir para controlo de pragas

Uma nova espécie de insecto,chamado Ungla ivancruzi, que é capaz de contribuir para o controlo biológico de pragas em diversas culturas agrícolas foi identificada.A identificação deste novo inimigo natural de pragas é um exemplo que reforça o quanto as pesquisas na área de controle biológico ainda devem avançar.

Pertencente à família dos crisopídeos, principais agentes de controle biológico de pulgões, a Ungla ivancruzi tem uma diferença em relação aos outros inimigos naturais: em cada postura são depositados de 20 a 30 ovos. Já a postura de outros crisopídeos é de apenas um ovo.
A Ungla ivancruzi é predadora de pulgões, ácaros, pequenos artrópodes, da lagarta-do-cartucho, principal praga que ataca a cultura do milho, e da broca-da-cana, a Diatraea saccharalis, que vem sendo apontada como séria ameaça à mesma cultura. A nova espécie consome mais de 200 pulgões por dia. Este agente de controlo biológico pode ser aplicado em diversas culturas, como em milho, tomate, couve. Logo após a liberação do insecto, feita nas fases adulta, larval ou de ovos, o controle dos inimigos naturais já começa a ser feito. A Ungla ivancruzi tem um grande potencial para se tornar realidade na agricultura, já que pode ser criada e multiplicada em laboratórios usando tecnologias já conhecidas.

A prática do uso de agentes de controle biológico na agricultura, ainda pouco disseminada, esbarra no desconhecimento de muitos produtores que optam pelo uso indiscriminado de produtos químicos, que dão um resultado imediato, mas paliativo. Muitos agricultores, por desconhecimento, buscam métodos imediatos no controlo de pragas. No entanto, na natureza, há mais inimigos naturais do que pragas e os inseticidas têm dizimado muitos inimigos naturais. Hoje, com as pesquisas mostrando os pontos negativos do uso indiscriminado de produtos químicos, como a ocorrência de novas pragas ou a resistência das já existentes aos inseticidas, devemos oferecer condições para que os inimigos naturais se multipliquem. A tendência já é seguida por diversos grupos de agricultores.

Um exemplo é o grupo Reijers de produção de flores no Brasil. O grupo, além de desenvolver novas culturas de rosas, exporta parte da produção para a Europa e fazia até há dois anos o controle químico de pragas nas lavouras.
"Notamos que com o controlo químico as infestações de novas pragas estava a aumentar. Decidimos, então, a fazer o controle seletivo das pragas mais severas e apostamos no controle biológico dos ácaros", descreve o engenheiro ambiental e coordenador da Reijers. Além do ataque do ácaro nas plantações de rosas, a infestação de mosca-branca era constante. Numa área de 16 hectares, o coordenador diz que conseguiu uma eficiência no controle de até 85% desta praga usando crisopídeos. Depois da libertação dos agentes de controle biológico nas lavouras, a própria infestação de pragas diminuiu muito, já que se permite a multiplicação de novos inimigos naturais.

Fonte:
http://www.biotecnologias.com.br/archives/00000235.php

Opinião pessoal

Finalmente está-se a redescobrir que os métodos de controlo de pragas utilizados no passado podem ser mais eficazes do que eu se pensava. Isto é muito importante pois mostra que há alternativas quer a pesticidas quer aos transgénicos que produzem esses mesmos pesticidas. Tudo isto é um grande passo para a agricultura biológica que se está a afirmar como uma grande alternativa.

Um comentário:

João Miguel disse...

É verdade Nuno... contudo tudo isto requer um grande estudo de forma a acharmos qual é o pior inimigo para cada espécie de pragas... É sabida das condições em que o planeta se encontra, portanto há que tomar decisões benéfica para este, que passam, por exemplo, pela substituição do uso de pesticidas, que são uma espécies de bombas silenciosas, por métodos naturais como é referenciado...
Só um aparte: nomes científicos têm que estar em itálico...